
A versão mais completa do Renault Kwid (Outsider) está custando R$ 85 mil. Isso se o comprador se contentar com a cor preta, afinal escolhendo a cor o subcompacto adiciona mais R$ 1.500,00 no preço. O mesmo acontece com o Mobi Trekking, que sai por R$ 81.500,00 e com a escolha de cores pode chegar a R$ 85 mil. Mas vale a pena pagar mais de R$ 80 mil em carros de entrada das montadoras?
Primeiro vamos pontuar que muitos perfis em redes sociais e até sites automotivos vêm informando que o Mobi chegou aos R$ 95 mil. Embora os R$ 85 mil destas versões já beire o absurdo, os R$ 95 mil citados são para gerar cliques. Só é possível chegar aos R$ 95 mil do Mobi se o comprador for no site da Fiat e adicionar todos os acessórios possíveis, incluindo 'cinta para prancha de surf' e 'caixa de transporte de animais'. Obviamente isso não pode ser levado a sério.
Pagar R$ 85 mil em um Kwid ou Mobi vai depender da circunstância e do gosto do freguês, é claro. Ambos são veículos já consagrados no mercado nacional com seus problemas característicos (de espaço, principalmente!). Na faixa dos R$ 80 mil, por exemplo, é possível encontrar carros semi-novos com motores e pacotes de acessórios superiores. Exemplo, um Fiat Pulse 2022 com motor 1.3 (aspirado) sai, em média, por R$ 88 mil nos sites de vendas de carros.

Eu estive com um Mobi em 2024 e achei indecente algo que o carro não consegue mudar há 10 anos: o espaço no banco traseiro (foto: Renato Fonseca/ Turboway)Mobi e Kwid em suas versões mais caras não têm motores diferentes das versões mais baratas. O Mobi leva uma vantagem neste ponto porque acaba de trocar de motor, aposentando o velho motor 1.0 do Uno que o acompanhava desde o lançamento em 2016. Agora todos os Mobis novos são equipados com motor 1.0 do Argo, um motor mais novo que gera 71cv e é mais esperto que o anterior. Faz até 15 km na estrada usando gasolina, segundo o Inmetro.

Já o Kwid Outsider usa o mesmo motor 1.0 da Renault desde o lançamento, passando apenas por ajustes para se adequar à legislação nos últimos anos.

Mobi mantém o mesmo visual de versões passadas, mas mudou o motor na versão 2025 (foto: Renato Fonseca/ Turboway)
O que os carros tem para justificar o preço, segundo as próprias montadoras, é um visual diferente e um maior conforto interno para os ocupantes. Esse ponto é relativo porque não há o que fazer com o espaço interno para quem viaja atrás. O Mobi, por exemplo, nós avaliamos por várias vezes no Turboway. O modelo "Trekking" tem realmente um acabamento mais agradável do que a versão mais comum, mas levar adultos no banco de trás é um desafio. O Kwid não fica atrás. E não há o que fazer, uma vez que os carros têm os mesmos tamanhos em todas as versões. Essas mais caras, portanto, não resolvem o problema.

Interior do Kwid Outsider (foto: divulgação)Ambos os veículos tem controle de estabilidade e controle de tração. Não possuem versões com câmbio automático, o que seria um diferencial para quem precisa de carro pequeno. Veja o que as versões mais caras têm em relação às mais baratas:
Renault Kwid Outsider:
Fiat Mobi Trekking:
Se for um carro para usar em família, talvez não seja um Mobi ou Kwid que você deva procurar. Se for para duas pessoas, ou para ter um carro para o trabalho, Mobi e Kwid atendem. O destaque é a manutenção mais barata e a economia do motor. Neste ponto os dois levam grande vantagem diante de opções de usados maiores, por exemplo.
Se for para usar como carro de aplicativo, também resolve, já que o banco do passageiro da frente fica praticamente inutilizado e pode ser puxado para frente. Eu, no entanto, tenho dúvidas em pagar R$ 85 mil em um carro desses. A conclusão não é difícil: estes carros acabam sendo versões mais aceitáveis dos modelos que são muito básicos, mas são caros pelo que entregam.