
A Geração Z e os Millennials americanos não estão cumprindo com seus compromissos financeiros e estão ficando com dívida com o carro. Desde a crise financeira de 2008 essa situação não era verificada neste volume. Os dados de endividamento foram divulgados pelo Federal Reserve - o Banco Central dos EUA.
A Geração Z é formada por jovens nascidos de 1996 a 2010 e os Millennials - também chamados de Geração Y - são os nascidos de 1981 a 1995. São estas duas faixas etárias que mais se endividam nos Estados Unidos.
Em média, 3,58% dos jovens de 18 a 29 anos e 2,62% da população de 30 a 39 anos atrasaram seus empréstimos para automóveis por 90 dias ou mais durante o primeiro quadrimestre de 2023, em comparação com 2,13% de todos os outros mutuários.

Entre o grupo de 30 a 39 anos, foi verificado o maior aumento na inadimplência desde 2007, portanto, desde antes da última grande crise financeira americana.

Os números cresceram justamente durante um período em que os jovens tiveram um alívio nas contas, já que o governo americano decidiu adiar o pagamento de empréstimos estudantis durante a pandemia. Nos EUA é comum o jovem ter dívida com universidade e pagá-la ao longo de anos, mesmo depois de formado.
Foi neste contexto de alívio que o jovem conseguiu melhorar o score de crédito e contrair novos empréstimos. Aí, quando o bolso apertou, com alta de preços de seguros e outros custos com o carro, eles deixaram de cumprir com os compromissos bancários.
Por causa dessa onda de endividamento, agora, o pedido de novos empréstimos está caindo. Para o grupo de 18 a 29 anos, essa queda foi de 25% em relação a 2022. Já entre os Millennials, a queda na tomada de empréstimos foi de 17%.
O motivo para as quedas no pedido de empréstimos está justamente na inadimplência. Por falta de bom histórico de pagamentos, os bancos estão dificultando os novos financiamentos e evitando os calotes. A tendência é que as dívidas caiam, mas isso não quer dizer que o problema esteja resolvido.
Segundo especialistas, dois comportamentos serão verificados no curto e médio prazo. Sem acesso a crédito e com necessidade de comprar carro, os jovens vão optar por veículos mais velhos e baratos. A indústria tende a sentir queda nas vendas de 0 km e a frota tende a envelhecer.
Já o jovem que está mais enrolado nas dívidas tende a não consumir nem carro usado. Assim, há uma possibilidade de desaquecimento nas vendas de seminovos e usados nos EUA - somada ao de zero km.
A tendência é as coisas piorarem quando o governo americano acabar com a ajuda para os empréstimos estudantis. É provável que um novo mecanismo seja criado para ajudar ao público jovem voltar a ter crédito. É fazer isso ou assistir a uma nova crise de camarote. Agora, quem está com a corda no pescoço, é o governo americano.
