
Comprei em 2020 um Argo Trekking e isso foi resultado de uma satisfação que tiver anteriormente com um Argo 1.0, que foi avaliado aqui no Turboway. Uma coisa que me incomodava muito no antigo Argo é que eu achava ele muito baixo, raspava em qualquer obstáculo. Veja que o problema já começava na esquina de casa, já que moro em uma rua daquelas com uma "senhora" valeta no cruzamento. Já adianto que o Argo Trekking resolve esse problema, que é o famoso "off-road" urbano.
Existem duas versões do Argo Trekking e a diferença é o motor e a transmissão. O carro desta avaliação é o Argo Trekking 1.3 manual (2020), o outro Argo Trekking disponível no mercado é o 1.8 automático, que usa o mesmo motor que a Jeep usa no Renegade.

Argo Trekking 1.3 (foto: Renato Fonseca/ Turboway)O Argo Trekking 1.3 desenvolve bem na estrada e tem boa arrancada em cruzamentos na cidade. No uso misto, tenho feito 15 km/l na gasolina, mas tomando só rodovia como referência, o carro faz 17 km/l. E como é o Argo Trekking?

Dados do computador de bordo do Argo Trekking 1.3: 15 km/l na média entre cidade e rodovias (foto: Renato Fonseca/ Turboway)Entre o Argo 1.3 convencional e o Argo Trekking 1.3 existem diferenças estéticas. O Trekking possui bordas em plástico preto nas caixas de rodas, o logo Fiat negro, bordas negras nas laterais, pintura bicolor com teto e retrovisores na cor preta, acabamento interno também preto e o rack no teto, além de adesivos que copiam o visual "Trailhawk" dos carros da Jeep. Eu, particularmente, não acho das melhores ideias encher o carro de adesivos, principalmente a faixa preta no capô, mas também não tive o trabalho de retirá-lo.
A suspensão mais alta (tem 21 centímetros do solo) é um alívio para quem anda com ruas com obstáculos e buracos. Na estrada de terra essa altura também ajuda, mas por óbvio o carro não é um offroad de verdade. Serve para quem usa o carro em uma estrada de terra esburacada, mas não enfrenta um atoleiro. Felizmente a Fiat desistiu de encher os seus "modelos aventureiros" com acessórios que eram pura fantasia, como o quebra-mato, por exemplo.

O pneu do Argo Trekking é o 205/60 R15, de uso misto, uma boa escolha da montadora. Porém, o carro não vem com roda liga-leve de série, o que custa quase R$ 2 mil a mais para o comprador. Uma pena a roda constar como acessório, já que concorrentes agregam a roda como item de série. Aliás, os concorrentes diretos do Trekking são o Ka Freestyle (vendido até 2020) e o HB20X.
Se compararmos os veículos zero km, em setembro de 2021 o modelo da Hyundai custa R$ 2 mil a menos que o da Fiat (R$ 79 mil vs R$ 81 mil). Para comparativo, em 2019 comprei o veículo por R$ 62 mil e o que mudou de lá para cá: a Fiat mudou os adesivos, mudou o logo da grade dianteira, acrescentou controle de estabilidade e tração e uma inflação acima do normal.
Ainda quando tinha um Punto, passei pelo grande desprazer de conhecer os serviços da Itavema Fiat de São José dos Campos (que já não existe mais). O veículo entrou com um barulho no volante e saiu todo desalinhado, sujo e com o mesmo barulho no volante. Paguei posteriormente para um particular fazer o serviço que a concessionária não fez e cobrou como se tivesse feito. Na época, ao reclamar, o responsável pela oficina não trouxe qualquer solução. A concessionária fechou dois anos depois e podemos ver que não foi a toa.
O Argo 1.3 Trekking tem central multimídia UConnect de 7 polegadas, a famosa telinha flutuante que espelha Android e Apple Carplay. O acabamento dos bancos tem a marca "Trekking", mas não apresenta nenhuma evolução de conforto em relação ao banco das versões convencionais.

O carro da avaliação não possui controle de estabilidade e tração, que foram adotados como itens de série na linha 2021. Não havia sentido algum a Fiat privar o Argo destes itens. Felizmente corrigiu isso e infelizmente adquiri a versão antes desta mudança. São itens de segurança, na dirigibilidade o motorista não vai notar qualquer diferença.
Tem ar-condicionado analógico, vidro elétrico nas quatro portas, trava elétrica, chave canivete, duas saídas USB (uma para os passageiros do banco traseiro) e acabamento interno em tecido preto. O preto como cor dominante no interior dá um acabamento mais bonito ao veículo. O sistema de som dos Argos é um ponto forte, com o controle do rádio muito simples, em botões atrás do volante - solução que a Fiat trouxe dos Jeep.

Argo Trekking 1.3 (foto: Renato Fonseca/ Turboway) O Argo é um bom produto da Fiat. Entre o 1.3 convencional e o Trekking, me agrada muito mais esse último pela suspensão mais acertada e a liberdade de poder passar pelos obstáculos sem ter que ficar preocupado em bater o fundo do veículo.
Só que pelo preço que é pedido por ele, vale dar uma olhadinha também no HB20X. O Argo Trekking 1.3 não tem roda de liga-leve e câmera de ré de série, itens que o concorrente traz. Por esses dois acessórios a Fiat pede R$ 4200 a mais. Também não tem bancos de couro, chave presencial e ar-condicionado digital. Por esses últimos itens, mais a roda e a câmera de ré a Fiat pede R$ 7 mil.
Se você se interessou pelo Argo Trekking, a melhor opção hoje é buscar um usado. O Trekking foi lançado na versão 2020 (é o carro desta avaliação), então você vai encontrar modelos deste ano por R$ 65 mil. Do carro 2020 para o 2022 foram pequenas mudanças em adesivos e adicionado o controle de tração e estabilidade. Do usado para o novo são R$ 16 mil, uma diferença considerável para o mesmo carro.
Embora estejamos falando do Trekking 1.3, posso compartilhar também informações sobre a versão 1.8. De positivo, ela traz o câmbio automático de 6 velocidades e o carro é um foguete na estrada, já que usa o mesmo motor do Jeep Renegade - que é mais pesado. De negativo, o alto consumo de combustível e o preço das revisões, que varia de acordo com o motor e não com o modelo nas oficinas das concessionárias.