
O Latin NCap apresentou os resultados de teste de segurança realizado com o novo Renault Duster fabricado no Brasil e o resultado foi o pior possível. O SUV da Renault não obteve estrelas de classificação e ainda teve uma avaliação preocupante que envolve uma recomendação de recall. Atualmente o Duster é vendido no Brasil com preço a partir de R$ 94 mil.
O resumo do teste pode ser visto no vídeo abaixo:
Segundo Latin NCap, que é o programa internacional para avaliação de segurança, o Duster chegou a soltar uma peça do tanque de combustível após uma das batidas do teste, o que causou vazamento. O Latin NCap já havia testado a nova Duster em 2019, com um modelo fabricado na Romênia, e na época o problema não foi detectado. Resultado foi que o veículo obteve quatro estrelas na oportunidade.
Com o novo teste com uma unidade fabricada no Brasil, Latin NCap apontou que o Duster tem índice de proteção de 29% para ocupantes adultos, 23% para crianças, 51% para pedestres e 35% em sistemas de assistência à segurança. Além da Duster, o programa avaliou também o Suzuki Swift, que também zerou no teste. O Swift, porém, não é vendido no Brasil.

Segundo Latin NCap, o problema de vazamento de combustível aconteceu no impacto frontal. O ocorrido não é aceitável e por isso foi encaminhada uma recomendação à Renault para que se faça um recall. Até onde se sabe, ainda não ocorreram acidentes com o veículo que envolveram vazamento de combustível, mas o Latin NCap ressalta que é possível que venha a acontecer, por isso recomendou o recall.

Teste Latin NCap com o Renault Duster brasileiro (foto: Latin NCap)Em teste que simulou batida lateral, o carro apresentou uma deformidade e chegou a abrir as portas, o que comprometeria a segurança de passageiros adultos. Isso requer atenção da Renault, já que a abertura de portas pode levar à ejeção de passageiros.
O resultado para crianças também foi ruim porque o boneco que representa uma criança chegou a tocar em partes do veículo, o que demonstra um problema. Segundo o instituto, o veículo não cumpriria normas de segurança mais rígidas, estipuladas pela ONU.
Na divulgação do teste o Latin NCap deu um "puxão de orelha" na Renault ao comentar que a apresentação da versão brasileira do Duster "decepciona sobre as estratégias da Renault para a América Latna". As conclusões são que o Duster europeu tem vários elementos de segurança, como airbags laterais, que sequer são opcionais na versão fabricada aqui.
"É muito discriminador que, depois de mais de 10 anos testando desempenhos de segurança em veículos vendidos na América Latina e Caribe, seguimos vendo carros com zero estrelas. Em termos de segurança veicular seguem nos tratando como cidadãos de segunda só para que alguns fabricantes possam economizar dinheiro na produção de veículos. O dinheiro que estes fabricantes economizam se traduz em mortes e lesões graves que impactam as famílias e a economia em nossa região", comentou Stephan Brodziak, presidente do Latin NCap.
O termo "versão brasileira" é enfatizado porque o Duster também é fabricado na Colômbia e aquela versão não fez parte deste teste. O Duster colombiano abastece também o mercado argentino. Já no Chile, a versão vendida é fabricada na Romênia. O Duster brasileiro parte de R$ 94 mil e chega na versão mais completa a R$ 113 mil. Mesmo a versão completa só possui apenas dois airbags.
A Renault se pronunciou sobre o teste apresentado pelo Latin NCap. A montadora francesa atribui a péssima avaliação às mudanças que o instituto fez na metodologia de testes em 2020. As mudanças tornaram mais rígidas as exigências para carros vendidos na América Latina, como a exigência de ESC e auxiliar de frenagem para que o veículo receba cinco estrelas.
Publicamos na íntegra a nota da Renault:
"Em relação ao teste do modelo Renault Duster divulgado pelo Latin NCAP em 27/08, a Renault do Brasil informa: